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poema Cidade: São Fidélis por Gustavo Polycarpo

  • Foto do escritor: Culturália
    Culturália
  • 16 de out. de 2020
  • 3 min de leitura

Gustavo Polycarpo é fidelense de múltiplas facetas: o encontramos contribuindo para a construção de políticas nos fóruns de mobilização pela Cultura, escrevendo poesias, fazendo música, atuando como arquiteto. Nesta contribuição para a seção Diálogos, o autor compartilha um trecho de sua última obra, "poema Cidade" (Editora Multifoco, 2017), indicada a prêmio, que nos apresenta suas inspirações e ajuda a conhecer poeticamente a cidade de São Fidélis.



Gustavo Polycarpo na Festa Literária de Santa Maria Madalena (Foto: Lucas Abreu)

Por Gustavo Polycarpo


Nasci em São Fidélis - RJ, 1963. Escrevinhador desde os 8 anos, tocador de tambor desde os 6, de violão desde os 12, fazedor de letras e canções desde os 14. Arquiteto e Urbanista, formado em andanças já defendidas por Arariboia, na cidade de Niterói, e por São Sebastião, na Ria de Janeiro. Das terras dos puris e coroados canto. Participei da 18ª Bienal Internacional do Livro Rio 2017: em sessão de autógrafos dos livros “CEMBÓ: IBI CURIMBABA” e “ITACOLOMI: desengano”, e em Roda de Conversa com os finalistas do Prêmio Rio de Literatura 2017 sobre este livro “poema Cidade”; completo, assim, a trilogia pensada.


A “poema Cidade” é perífrase invertida do município de São Fidélis/ RJ. A partir desta cor local a palavra faz a música na construção de a rua a quadra a vila (vários versos: uma quadra, um poema; várias quadras, uma cidade). Poetas universais Ferreira Hilda Antônio Elisa Pedro Íris Fernando Cecília Carlos Matilde traçam de bordar com a mão a cultura a história a edificação a alma a casa a terra a água a métrica a ética a ética a ética a creditar a cópia a versificação a prosa, social mente, fraternal idade, ideal ação, a violar canções a letrar me a Pattápio

Célio Nazareth Chopin Tchaikovsky Hermeto. A escrita: a forma (a palavra a música a cor):

afetiva, cuidadosa.




Varal poético, 2019 (Foto: Acervo pessoal)

são dos traços urbanos que vêm quadras,

ficam a ser entre o rio e a linha férrea

delimitadas, como as oferendas:

listam casas, praças e comunhão.


são d’águas nas fendas que as ruas de pedras

filam que flui contínua a vida arbórea,

de capuchinho trato bem cuidadas

lisboetizam a flor-vila-barão.


pode irradiar a cada fêmea-espaço

e, sim, ser a estátua, a mulher, a joia,

mais que de floreio histórico completo,


cidade humaniza, poetiza o abraço

da ipucapurezacambiascolônia

de um ar que tenta desconter o teto.


cor de poema

o sol

ao se despedir

beija

a cidade

antes da cor

a sedenta cor

é a causa:

antes cor

fala.

faz-se

a cor local:

sementearte.


***


Atravessar mundaréu de água dos Quinhentos

ver que terras abençoadas são essas de ‘hy brazil’

ao fazer a curva do golfo, essa volta do mar,

dar com algas garrafa, ervas rabos-de-asno, gaivotas fura-buxos,

buscar o que já sabido é,

no Atlântico pular quase três séculos e

descambar não-jesuítico num povo coroados cima de árvores

num feixe de ramagens gamboa com peixes sem passagem,

dia do meu pai, dia dos meninos, feita a sina e configurar a saga:

Itália/Portugal, Espanha, Áfricas por Buena, Líbano/França.


Canoa rio acima encontrar indígenas mais adestrados reduzidos

que para os termos propostos e terras desbeligerantes é

capuchinhamente abençoado e promissor na poderança de salvar

essas almas do desperdício de não trabalhar para um senhor.


Deu trabalho aldear aqui depois duns desentendimentos vizinhos com

indígenas de lá

mas um tantim de foro pra continuar a capitania deu graça de montar cerca

de pasto e lavoura,

usados outros indígenas dos sertões daqui

tomadas umas terras ...


Instalados já e instados à progressão pela estrada de chão

abusou-se das cercanias como já previsto era e decidido que

pudesse assim fosse atrelado o serviço de servir a quantos

pagamentos necessários para tomar de vez a terra.


E

dos cafezais e engenhos e dos desenganos e ao pé da pedra

mãe e seu curumim


(fulô potara Y: eaquangatú ara fulô potyraguá ceê opá.

flor quer Água: bom perfume em tempo de flor colorida doce, toda.)


a flor do barão veio da capoeira feita de banda na fazenda

benedito põe-se já no jardim filha do solar neta em que meta

é lisa em campos elíseos que se meta a lua a vila a flor.


Trabalhos assim de morbidez escravagista

depois terras arroladas pro templo que se monta pros irmãos pros amigos

pras câmaras


Espaço de passar por galhardia açoitar por Ordem

aceitar Cruzes e Cristos como fez em Quintas negreiras

Proprietários de terras de posses de lotes de intenção

centralizadas ficarem defrontadas as heranças

da pia batismal do prestígio no céu da venda

da casa de câmara e cadeia da teia

da nota do quilo na conta da residência

dos dias de passeio de aperreio de esteio

no colo das graças, também.


Cada tamanho de prédio uma importância,

se já colocado em plano alto, tem atendida.

Em que pese o chão batido o paralelepípedo o cimento

caracachento o asfalto:

na rocha viva na pedra inicia:

vêm as praças.


Trechos da obra poema Cidade, de Gustavo Polycarpo (Editora Multifoco, 2017).










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