Norte Fluminense presente nas redes da Cultura
- Culturália
- 21 de ago. de 2020
- 5 min de leitura
Atualizado: 23 de abr. de 2021
Apoiadas por edital 'Cultura Presente nas Redes', do Governo do Estado, atividades artísticas do Norte Fluminense movimentam a internet. Região teve 61 propostas aprovadas

"Só se pode produzir arte com a devida reverência a cada artista que percorreu sua trajetória, pois as expressões artísticas são marcadas por continuidades e rupturas. Falando em literatura, é possível dizer que cada livro historicamente publicado é um somatório de estilos e influências que desembocam no que produzimos hoje." É desse modo que, no episódio de apresentação, Ronaldo Junior dá a ideia do que virá adiante no podcast "Autores Fluminenses". O projeto apresenta escritores nascidos no Estado do Rio e está disponível em diversas plataformas, as quais podem ser acessadas neste link.
"Autores Fluminense" é uma das diversas atividades em ambiente virtual apoiadas pelo edital "Cultura Presente nas Redes", da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro (Secec-RJ). O edital contemplou 1.500 atividades, que receberam R$ 2,5 mil cada de recursos do Fundo Estadual de Cultura. No Norte Fluminense, foram 61 aprovadas, segundo a Secec-RJ.
Poeta, contista, cronista, Bacharel em Direito e estudante de Letras - Português e Literaturas, Ronaldo Junior nasceu no município do Rio de Janeiro, mas vive em Campos dos Goytacazes, tanto que é membro da Academia Campista de Letras. Por isso, autores de fora da capital têm forte presença entre os homenageados no podcast.
"A intenção de fazer um projeto que homenageia autores nascidos no estado do Rio parte da importância de olhar para escritores de municípios do interior, como é o caso da sanjoanense Narcisa Amália, do campista José Cândido de Carvalho e do cantagalense Euclides da Cunha — até o momento. Outros ainda serão mencionados. Entendo que muitos dos nossos escritores renomados estão na capital, mas não há como pensar a literatura fluminense sem tantos nomes que não nasceram na cidade do Rio", diz o escritor.
Os episódios até então são de no máximo seis minutos. "Isso foi pensado para viabilizar a audiência, pois as informações que eu transmito estão facilmente à disposição de quem pesquisar na Internet, em texto. Mas eu pensei em estudantes e trabalhadores, por exemplo, que podem ouvir sobre determinada personalidade de maneira rápida e agradável. Talvez, com mais tempo de duração, os episódios ficariam cansativos. A finalidade é levar uma informação rápida e dinâmica, com leveza e cuidado com os detalhes biográficos", conta Ronaldo Junior, que explica porque escolheu apresentar suas ideias em podcast:
"Primeiro, por questões práticas: a preocupação apenas com o áudio e sua edição torna menos complexa a produção. Se fosse em vídeo, eu teria que me desdobrar para montar cenário e, também, me preocupar com áudio. Segundo (e principal), por questões culturais: acredito que o formato de podcast vem ganhando público e audiência, possibilitando o acesso à informação e o debate (ainda que de maneira excludente, pois ainda não é unânime o acesso à internet) em plataformas já utilizadas por muita gente — como o Spotify e o iTunes, por exemplo".

Dessa forma, Ronaldo Junior dá uma abordagem pedagógica ao projeto. "Eu pensei em dois aspectos basilares para o projeto: o aprendizado, que passa a ser interessante e dinâmico em uma plataforma que não é textual (motivo pelo qual eu cito textos e livros dos autores, incentivando que a pessoa leia os materiais e não fique apenas no áudio); e a homenagem, pois toda expressão humana retoma trabalhos pré-existentes, isto é, pensar a memória literária fluminense é também construir um futuro literário, uma vez que a literatura dos próximos anos partirá - seja por influência, seja por intertextualidade - da literatura já produzida. Então não permitir o esquecimento dos nossos autores faz parte da construção da nossa identidade e da nossa expressão artística futura", diz o escritor.
São projetos como o de Ronaldo Junior que foram contemplados pelo edital Cultura Presente nas Redes. O objetivo, segundo consta no site da Secec-RJ, é "proporcionar realização de atividades culturais via internet, uma vez que em virtude da pandemia do COVID-19 não estão sendo permitidas apresentações culturais em casas de show, teatros e outros espaços. Podem se inscrever atividades nas linguagens de música, literatura, artes visuais, audiovisual, dança, teatro, circo, moda, museus, cultura alimentar e expressões culturais populares".
Postura e respiração
Outra proposta do Norte Fluminense contemplada pelo edital foi a do workshop "Mobilidade Corporal com respiração consciente e reeducação corporal". Ministrado pela coreógrafa e bailarina Luize Helena Pessanha, em parceria com o Ponto de Cultura de Macaé CIEMH2 Núcleo Cultural, que já oferece oficinas gratuitas, o curso foi realizado ao vivo pela plataforma Zoom no dia 12, em dois horários, e terá uma edição gravada disponibilizada em plataformas como YouTube, Instagram e Facebook. A previsão é que ela esteja disponível no dia 31.
"O objetivo da oficina é trabalhar a consciência da respiração junto com a postura. Trabalhamos bem a movimentação do tronco e do quadril para uma reeducação do movimento neste momento em que vivemos agora. Vivemos um momento muito complicado no início da quarentena. Percebi em mim e nas outras pessoas com quem convivo virtualmente que estávamos sofrendo muito psicologicamente e fisicamente. Não estávamos acostumado a ficar tanto tempo sentados. A postura estava sofrendo muito, o corpo estava sofrendo. Havia muita gente reclamando de dor lombar", afirma Luize, que continua:
"O objetivo final da oficina foi justamente pensar nessa postura, se reeducar nessa postura, na forma de sentar, de se colocar. Trabalhar a respiração neste momento é muito importante. É um momento em que precisamos buscar um pouco mais de calma, de paz, tranquilidade, além de acalmar a ansiedade em que estamos vivendo".

A coreógrafa e bailarina está satisfeita com o conteúdo que transmitiu às pessoas que assistiram à oficina ao vivo e com o que disponibilizará nas redes. "A grande maioria saiu com a consciência da posição certa de se colocar o quadril para sentar, a base óssea do quadril onde devemos sentar, que é sobre os ísquios. Como esse tronco se posiciona em relação a esse posicionamento do quadril, pois não temos uma coluna vertebral totalmente em linha reta. Ela tem essas voltas naturais da estrutura que devem ser obedecidas. (As pessoas aprenderão) a forma de se colocar a cabeça e a forma como nós devemos sentar. Nosso foco foi este: a forma de sentar da maneira correta, a posição anatômica de se sentar, para que consigamos resguardar um pouco mais essa estrutura física", diz Luiz Helena Pessanha.
A preocupação com a respiração consciente é outra parte importante da oficina. "A respiração é o movimento mais natural que o corpo faz. É automático. Na oficina, voltamos a nossa atenção para esse momento. A respiração consciente se tornou um momento de escuta do próprio corpo, de escuta do que o corpo estava falando naquele momento, da necessidade naquele momento da oficina. Foi o momento de nós nos percebermos, de se sentir, de voltar a atenção para o movimento que a respiração provoca no corpo e para a velocidade que essa respiração tem. Buscamos muito essa respiração lenta para que esse processo ficasse bem ativo e bem consciente, buscando não respirar de forma automatizada, mas de forma ativa, de forma perceptiva, abrindo a escuta do corpo como um todo", diz Luize Helena Pessanha, que agradece aos parceiros envolvidos no projeto:
"A Dilma Negreiros (Diretora e Fundadora do CIEMH2) foi uma grande impulsionadora desta oficina. Num primeiro momento, eu não tinha me colocado à disposição para fazer a oficina. Foi ela quem propôs, a partir das aulas de alongamento que fazia comigo. Agradeço ao CIEMH2 e à Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro. Eu estava na minha zona de conforto, trabalhando com meus alunos e com pessoas da minha área de conhecimento, e pude ter contato com pessoas além. E isso foi bacana para eu entender que sou capaz de contribuir um pouco com as pessoas. O relato no final da aula foi muito legal. Elas dizendo o quanto aquilo foi importante para elas naquele momento. Eu penso até em abrir uma terceira e uma quarta turma mais para frente, independentemente do edital".
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