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Memória, teatro e ensino musical em São João da Barra

  • Foto do escritor: Culturália
    Culturália
  • 28 de ago. de 2020
  • 4 min de leitura

Atualizado: 23 de abr. de 2021

Município do Norte Fluminense teve quatro propostas aprovadas pelo edital "Cultura Presente nas Redes", do Governo do Estado do Rio. Culturália detalha três delas


Recorte do jornal "S. João da Barra" está entre as memórias do "Nós na Rua" (Foto: Reprodução)

Das 1.500 atividades culturais em ambiente virtual apoiadas pelo edital "Cultura Presente nas Redes", da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro (Secec-RJ), quatro foram elaboradas por artistas de São João da Barra. O ator Silvano Motta, um dos contemplados, inaugura nesta sexta-feira, 28 de agosto de 2020, o site "Memorial Virtual Nós na Rua", que preserva a memória do grupo teatral "Nós na Rua", do qual ele foi um dos 12 fundadores. O lançamento oficial será realizado em duas lives no perfil do ator no Instagram, às 16 e às 21 horas.

O "Nós na Rua" surgiu em 2003, como forma de reivindicar a reabertura do Cine Teatro da cidade, que, com prédio inaugurado em 1906, estava fechado desde a década de 1990. A mobilização conquistou o objetivo em 2006, quando aquele importante equipamento cultural voltou a funcionar. O grupo chegou a ter de 50 a 100 associados — entre jovens, adultos e pessoas da terceira idade — e sempre fez atividades, seja oficina, apresentações, intervenções. Ele até chegou a ser um Ponto de Cultura, mas teve fim em 2012.

"É um grupo que já acabou, mas deixou um legado muito importante, que não pode ser esquecido. Existia um grupo de teatro e ele surgiu em prol de uma política cultural de reabertura do Cine Teatro, que estava fechado. Esse grupo começou a se mobilizar e a mobilizar toda a população por meio de reivindicações, apresentando teatro na rua, pois não se tinha teatro. Junto com isso, foi surgindo um grandioso material, um acervo jornalístico, de revistas, matérias online, e isso tudo ficou comigo, com a finalização do grupo. Muita gente em 2020 não sabe como aconteceu todo esse movimento político-cultural para a reabertura do Cineteatro. O meu projeto, junto ao Governo do Estado, é exatamente para tornar público esse acervo, que é uma parte da história, uma memória importante que deve ser preservada e compartilhada", afirma Silvano, que conta como teve a ideia do site:


"As escolas públicas de São João da Barra trabalham muito com a memória e com a história do próprio município. As crianças ficaram encarregadas de descobrirem partes da história, prédios antigos, pessoas. E eu percebi muitas crianças entrando em contato comigo para saber um pouco da história do Cine Teatro. E o Cine Teatro tem estas duas etapas: a primeira, que foi a da construção até seu fechamento, e a segunda, que é a do movimento cultural para a sua reabertura. As pessoas não sabiam por que ele estava reaberto. Algumas pensam até que ele nunca fechou. Então, eu vi a necessidade de tornar isso público, como uma fonte de pesquisa, principalmente para alunos e pesquisadores que queiram saber um pouco mais da história da cultura e da arte no município".


Podcast da 'Aquidabã'


O teatro sanjoanense também está presente nas redes com o podcast "Aquidacast", outra proposta do município aceita pelo edital. Lançado na última quinta-feira, e que pode ser conferido neste link, o projeto foi idealizado pela atriz Ana Pavão, da "Aquidabã Companhia de Teatro", fundada em 2017 por ex-integrantes do "Nós na Rua", como a própria Ana, Silvano Motta e Jaciara Gomes. Em cinco episódios, o "Aquidacast" discutirá temas que envolvem a produção teatral.

Ana, ao centro, em cena (Foto: Pascoal Berto / Divulgação))

"O projeto está em meu nome, mas é feito com todo o grupo. Há muitas coisas que fizemos dentro de nossos processos artísticos que ficam entre nós. Pensamos nessa possibilidade de podcast para tentar dividir um pouco da nossa história e também alguns processos de formação das peças que nós fizemos. Temos pessoas com formações híbridas. Fizemos alguns episódios com alguns temas e cada um de nós fala de seu trabalho dentro daquela temática. Foi uma forma de nos reunir, nos mobilizar, pois, com a pandemia, nós acabamos nos distanciando. Alguns projetos nossos tiveram de ser interrompidos, infelizmente. A realização deste podcast acabou nos movimentando. Temos feito trabalhos individuais neste período. Como grupo Aquidabã, esse podcast é o único", diz Ana, que conta como serão os episódios:

"Falaremos sobre dramaturgia, pesquisa do ator, produção, dança, construção da dança no teatro. Temos uma atriz no nosso grupo que é jornalista e ela fez os roteiros dos episódios. Temos uma atriz que é musicista, e ela compõe as músicas para os nossos espetáculos. Ela vai falar sobre as experiências dela com isso. Vamos falar sobre a escrita também. Contemplamos dramaturgia, teatro, dança e música".


Oficina de partitura


Outra produção cultural de São João da Barra nas redes que foi apoiada pelo edital da Secec-RJ é a oficina "Partiturar", ministrada pelo Felipe Lopes Sena. Em vídeo publicado em seu canal no YouTube, o músico dá dicas de como escrever partituras usando o aplicativo MuseScore.

Felipe Sena (Foto: Reprodução)

"Dou aulas há 19 anos, baseado no que aprendi sobre música aqui na minha cidade e pesquisas posteriores. E o objetivo é repassar aquilo que me passaram e poder levar a outros jovens as possibilidades e oportunidades que tive aqui na música", diz Felipe Sena, que destaca a importância da escrita e da leitura de partituras no aprendizado e na prática da música:


"(Sem saber partitura) Seria como querer saber o que há num filme sem ler a sinopse ou spoiler. Teria que ver ele todo. Vejo como enorme atalho no aprendizado por se tratar de um objeto abstrato. E orientador da difícil execução de peças musicais dada tamanha complexidade de algumas delas".


O vídeo é o único que o músico fez sob o apoio do edital. Dependendo da visibilidade da aula, ele pretende lançar outros. "A princípio, quando pensei na proposta do projeto, pensei em um resumão como já postei lá (em seu canal do YouTube), seria aquilo mesmo. E a ideia foi por ter visto algumas dúvidas de colegas daqui da região quanto a, apesar de lerem muito bem, não conhecerem aquele tipo de ferramenta para escrever suas partituras. Mas, claro que dependendo da visibilidade e procura, pode ter outras sequências, sim", diz Felipe.


'Desenho no Campo Erodido'


O edital "Cultura Presente nas Redes" destinou R$ 2,5 mil para cada uma das 1.500 propostas aprovadas. Destas, 61 são do Norte Fluminense. Em São João da Barra, também foi contemplada a oficina "Desenho no Campo Erodido", de Fernando Codeço, que o Culturália divulgou no dia 19 e que pode ser conferida neste link.

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